A VIÚVA
-
LUCAS 7:11 e seguintes.
Como será que é esse negócio, esta situação de ser uma mulher viúva? Deve ser muito complicado, não é mesmo...? O que li a respeito, ensina-me algumas coisas sobre a vida de uma mulher viúva: dúvidas, sofrimentos, dupla jornada, duplo papel – de mãe e pai, incertezas quanto ao próprio futuro e dos filhos. E, em algum momento, tremenda solidão, somado ao medo de recomeçar. Como será esta história, esta situação de perder um filho, o único filho? Que dor inimaginável será essa que somente quem foi vitimado por tamanha e indescritível perda pode explicar, entender do que se trata? Que luto agudo e profundamente dolorido! Que dor insuportável que com o passar dos anos abranda, mas que também de repente, volta outra vez com gigantesca força? Que poços escuros, profundos de depressão, surgem àqueles que perderam um filho. Vinte e quatro horas diárias de solidão, dor, medo, raiva, desespero, fé, oração, solidão, choro, falta... tudo misturado, todos os dias. A mulher sem marido é viúva. O marido sem a esposa é viúvo. Filhos sem pais são órfãos. Mas, qual é o nome que se dá para pais que perdem um filho? Já parou para pensar que não tem nome para tamanha dor? Não há nome na gramática que explique esta situação!!! Somos naturalmente treinados e preparados, de certa forma, a enterrar nossos pais. Mas nunca enterrar um filho. E nessa história da Bíblia, encontramos uma mulher com esta dor DOBRADA. Era viúva e agora, por razões não reveladas, perde seu ÚNICO filho. Lá vai ela caminhando, com seus amigos e a grande multidão do povoado atrás do caixão, sendo levado para fora da cidade, para ser enterrado. Segundo os costumes daqueles tempos, esta “caravana” era pontuada por muita gente chorando, gritando, deixando claro para os céus o seu desapontamento e dor. Carpideiras (mulheres profissionais do choro) estavam lá para dar ainda maior horror e dor àquela procissão. Posso imaginar as cenas de pavor que este enterro provocava na vida daquelas pessoas. A solenidade do enterro é uma solenidade que marca a nossa vida com algumas realidades imutáveis. Imutáveis pelo menos para nós seres humanos. Vejamos:
1.A solenidade do enterro MARCA o final da luta pela vida. Houve uma batalha pela sobrevivência que foi perdida. É a marca da DERROTA. A morte ganhou a batalha contra a vida. A vida estava por demais fragilizada e não suportou os golpes da morte. Portanto, esta solenidade é marcada pela frustração absoluta.
2. A solenidade do enterro MARCA a minha vida pelo início da AUSÊNCIA. A pessoa amada deixa um vazio. Uma canção popular brasileira dizia: “naquela mesa está faltando ele, e a saudade dele está doendo em mim”.
3.A solenidade do enterro MARCA minha vida, pois dá início o período do LUTO. O luto tem as seguintes fases, segundo a psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross, que pesquisou e trabalhou com esse tema e descreveu cinco fases desse processo de luto. Ela argumentou em seus trabalhos que é possível perceber que existem pensamentos e comportamentos comuns às pessoas que se encontram vivenciando cada uma dessas fases. Essa descrição pode facilitar a compreensão e a percepção sobre o que ocorre com pessoas que vivenciam alguma forma de perda ou luto:
. Negação. Nessa fase a pessoa nega a existência do problema ou situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tentar esquecê-la, não pensar nela, ou ainda buscar provas ou argumentos de que ela não é a realidade.
Pensamentos x Comportamentos
“Isso não é verdade!” Buscar uma segunda opinião, ou outras Explicações para a questão.
“Vai passar”. Continuar se comportando como antes (ignorando a situação).
“Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também”. Não aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).
. Raiva. Nessa fase a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorre. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente essas emoções são projetadas no ambiente externo; percebendo o mundo, os outros, Deus, etc., como causadores de seu sofrimento. A pessoa sente-se inconformada e vê situação como uma injustiça.
Pensamentos x Comportamentos
“Por que eu?” Perde a calma quando fala sobre o assunto.
“Isso não é justo!” Recusa-se a ouvir conselhos.
Por que fizeram isso comigo?” Evita falar sobre o assunto.
. Negociação. Nessa fase busca-se fazer algum tipo de acordo, de maneira que as coisas possam voltar a ser como antes. Essa negociação geralmente acontece dentro do próprio indivíduo, ou às vezes voltada para à religiosidade. Promessas, pactos e outros similares são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo.
“Pensamentos” x Comportamentos
“Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem”. Rezar e fazer um acordo com Deus.
Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá”. Buscar agradar (no caso de uma traição).
“Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer (pessoa ao saber que está doente)”. Se alimentar com produtos ligths e diets para compensar os outros alimentos.
. Depressão. Nessa fase ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É um momento e que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento.
“Pensamentos” x Comportamentos
“Não tenho capacidade para lidar com isso”. Chorar.
“Nunca mais as coisas ficarão bem”. Afastar-se das pessoas.
“Eu me odeio”. Comportar-se de maneira autodestrutiva.
. Aceitação. Nessa fase percebe-se, e vivencia-se, uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.
“Pensamentos” x Comportamentos
“Não é o fim do mundo” Buscar ajuda para resolver a situação.
“Posso superar isto”. Conversar com outros sobre o assunto.
“Posso aprender com isto e melhorar.” Planejar estratégias para lidar com a questão.
As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas depois retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas, sem ter avanços por longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão.
Tem pessoas que podem passar meses ou anos, num vai e vem, e não chegar a aceitação nunca. Tem pessoas que em poucas horas ou dias fazem todo o processo, isso varia também em função da perda sofrida pela pessoa.
4. A solenidade do enterro MARCA o início da fase (às vezes curta, às vezes longa) da CONFUSÃO de idéia e pensamentos. Portanto, não condene ninguém por estar no luto. A “raça” mais intolerante do mundo é a tal “raça” de crentes. Ensinaram pra gente que crente não chora em enterro, não faz luto, pois confia em Deus. É? Quem falou? Onde está escrito isto na Bíblia? Na Bíblia vejo pessoas chorando a ausência de seus parentes e amigos mortos. Lógico que cremos em Deus. Lógico que sabemos que Ele sabe o que é melhor! Mas quem disse que eu não posso chorar a ausência da pessoa amada? Se você tem uma pessoa, sua amiga, que perdeu alguém, POR FAVOR não tente impedir o luto daquela pessoa. Lutos reprimidos farão horrível mal à estas pessoas. Elas adoecerão e ainda se sentirão culpadas diante de Deus. E é LÓGICO QUE NÃO SÃO. Tem muitas mentiras a respeito de crentes. Uma dela é que “gasolina de crente consagrado não pega fogo”. Hahahahahahaha. Deixa um casalzinho de crentes “consagrados” sozinhos, por algum tempinho... deixa, deixa. Irá ver a tamanha explosão. Hahahaha. Outra delas é que crente não chora em enterro. Quem falou? Quem? A Bíblia não foi não. A solenidade do enterro MARCA a minha vida com o aprendizado de minhas FRAGILIDADES. Não sou um super homem. Não sou invencível. Não sou nada mais do que gente frágil. Esta lição me faz “baixar a bola”, me faz “baixar o queixo”, me faz nunca mais olhar pra ninguém de “cima pra baixo”. Me ensina que devo ser HUMILDE, JAMAIS arrogante. Quando a morte de alguém muito amado se nos apresenta, percebemos como a vida é frágil. Pra morrer basta, estar vivo. Como Pastor já realizei inúmeras cerimônias fúnebres, inclusive a de meu pai. Em todas elas, eu olhei atentamente o rosto da pessoa morta. E em cada ocasião, percebi como é frágil a vida. Há poucas horas esta pessoa se locomovia, falava, pensava, sonhava, ria.... Agora, NADA. Virou um boneco parecido com gente. Um defunto maquiado se parece demais com bonecos do museu de cera. E então, tomei a decisão de jamais sentir-me superior a absolutamente ninguém. Mesmo diante de um “cabeça de bagre”. Hahahaha. Sou barro e os demais ao meu redor também o são.
5. A solenidade do enterro MARCA a minha vida com a imposição de uma inexorável TOMADA DE DECISÃO. Precisarei decidir por viver em DESESPERO ou viver CONFIANDO em Deus quanto à minha própria vida, que ainda continua. O desespero poderá me incentivar a terminar com a minha vida. O desespero é o oxigênio do inferno habitando nos labirintos e esquinas de meu patrimônio emocional. Mas, posso decidir por viver CONFIANDO no Senhor, que saberá cuidar de mim. Mesmo ainda cheio de dor e angústia espetando meu peito, poderei decidir por seguir pisando nas calçadas do viver diário. Viverei por causa de meus filhos, amigos, e principalmente por causa de MIM mesmo.
No texto que lemos hoje, aprendemos algumas coisas bem interessantes sobre Jesus e Sua caravana, a viúva e a caravana que a seguia. Vamos perceber algumas coisas no nosso texto? “E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos, e uma grande multidão. E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o a sua mãe. E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo. E correu dEle esta fama por toda a Judéia e por toda a terra circunvizinha. Lucas 7:11-17.
1. Jesus está à frente da CARAVANA DA VIDA. Esta caravana é uma carava alegre, barulhenta e cheia de esperanças. Ele pode realizar milagres. O povo o segue com gritos, suspiros, alegria e grande festa, pois todos sabem que junto dEle há milagres, há bençãos, há esperança, há vida e vida em abundancia.
2. A viuva está na liderança da CARAVANA DA MORTE. Esta caravana é igualmente barulhenta, pois certamente as carpideiras (mulheres profissionais do choro) estavam lá dando um tom horrendo à procissão daquela caravana, que celebra o final da vida, a vitória da morte, o início da convivência com a ausência do objeto do seu amor mais intenso e profundo. Esta caravana não tem alegria, senão tristeza e dor. Há medo, incertezas e um gigantesco abismo nos corações.
3. A caravana de Jesus SEMPRE que se encontra com a caravana da morte, tem o poder de TRANSFORMAR a caravana da morte em uma caravana de VIDA. A Caravana de Jesus tem um poder TRANSFORMADOR. A caravana de Jesus é insuportavelmente irresistível. Nenhum ser-humano pode com a força da morte. Nenhuma morte pode com o PODER de Jesus Cristo de Nazaré.
4. A caravana de Jesus só pode exercer seu poder de transformação se ela for às ruas, porquanto as caravanas de morte estão nas ruas e não nos templos. A Igreja militante de Jesus, exerce seu mandamento de batalha no campo de guerra, não guardada no “quartel general”. Quando saimos às ruas, jamais podemos perder a lembrança de que somos os da caravana da vida, que TRANSFORMA as caravanas de morte em caravanas de vida e as absorvem. A caravana de Jesus ao encontrar a caravana da viuva, a transforma em caravana de vida e à INCLUI na própria caravana.
5. Jesus Cristo VIU aquela mulher, diz a Bíblia. Isto me ensina que Jesus SEMPRE VÊ minha vida, minhas perdas e minhas dores. Nenhuma multidão consegue me esconder dos olhos de meu Senhor. Ele está atento à suas dores, angústias, medos, incertezas, sofrimentos e e medos. Ele JAMAIS nos perde de vista. Ele PRESTA ATENÇÃO na gente. Mesmo quando ninguém mais percebe minha dor ou minhas necessidades, posso saber que Ele percebe, Ele sabe, Ele avalia. Creio que Ele deseja que sejamos assim também, uma vez que fazemos parte da caravana dEle, mais atentos aos sofrimentos daqueles que estão à nossa volta. Há um ditado popular que diz: “O que olhos não veem, o coração não sente”. Acho que é verdade. Se não vermos os que sofrem ou os sofrimentos deles, jamais nos apaixonaremos e nem mesmo agiremos na direção daquelas pessoas. Importe-se mais. Esteja mais atento. Fique um pouco mais antenado. Não viva como se fosse a única pessoa no mundo.
6. Jesus se APAIXONOU. “Vendo-a, moveu-se de íntima compaixão”. A palavra compaixão é: dor nas entranhas. É como sentir dores abdominais de tanto que esta está apaixonado pela causa que machuca e pelas pessoas que sofrem tamanhas dores. Jesus demonstra que não só está VENDO, mas também está APAIXONADO por cada um de nós. Isto me ensina que Ele me abençoa, realiza milagres, resolve problemas, não porque eu mereço, mas sim, antes de mais nada, porque ELE ME AMA e pronto. É o amor dEle que provoca o derramar de bençãos em minha vida e não meus “merecimentos”, porquanto não os tenho. É GRAÇA!! Há outras razões pelas quais eu posso esperar por milagres e compartilharei mais abaixo neste texto.
7. Jesus Cristo AGIU. Ele agiu de maneira inusitada, inesperada e com tremenda ousadia. Pois Ele tocou num caixão!!! Nos tempos de Jesus, nem um Profeta, nem um Sacerdote e nem mesmo um Levita poderia tocar em algo morto, pois isto o tornaria imundo e incapacitado ao exercício de seu ministério, por pelo menos vinte e quatro horas, até que se purificasse outra vez. Jesus vai contra toda a religiosidade contemporanea a Ele, e agindo de maneira inesperada e inusitada, para o enterro e TOCA no caixão. Posso imaginar o espanto de todos. Provavelmente a gritaria toda sessou alí. Pasmados, todos ouvem a ordem de Jesus àquele jovem: “Levante-te!!!”. E o jovem obedeceu (viu como é bom ensinar nossos filhos serem obedientes? Se este garoto fosse um desobediente teimosos, poderia não obedecer ao comando de Jesus. Hahahaha). A lição que eu aprendo é que Jesus não está limitado pelas doutrinas, usos e costumes de minha denominação. Ele é livre e age como quer, do jeito que desejar e na hora que desejar.
8. Jesus, em seu ato de ressureição daquele jovem, nos mostra porque poderemos esperar por milagres. Primeiro porque os milagres de Jesus dão glórias a Deus. Deus é louvado, glorificado, honrado. Aí esta o principal propósito do milagre: APONTAR PARA DEUS; Segundo porque o povo percebe que há esperança: “Deus visitou seu povo”. Os milagres trazem a sensação da companhia do Senhor em meio de seu povo. Por isso Jesus se chama Emanuel. Ele está conosco, percebido e evidenciado pelos milagres. O povo se sente amparado pela presença do Senhor. “Que segurança, vivo feliz...” diz a letra do antigo hino. O Salmo nos anima: “O Senhor é a minha salvação. A quem temerei?” (Salmo 27). E o Senhor garantiu-nos: “Eis que estarei com voces até o fim dos tempos...”(Mateus). Terceiro porque este seria um excelente caminho para a divulgação do nome dEle em todas as cidades vizinhas. TESTEMUNHO. Este é um dos outros principais propósitos dos milagres de Jesus. Fazer Seu nome conhecido. Milagres que iluminam o pregador em vez de iluminar o autor dos milagres, não está em harmonia com a vontade expressa do Senhor em Sua Palavra. Lembremo-nos de que as estrelas só brilham quando o Sol não está brilhando. Em poucas palavras: posso esperar milagres muito mais por causa dos propósitos do Senhor do que por qualquer outra razão em mim mesmo.
LICÕES DA MORTE.
a. Ela é irremediável. Quando chega, não pede licença nem permissão. Invade a vida e destrói. Depois que se instala, não se pode mais corrigi-la -nenhum de nós.
b. Todos passaremos por ela. Cada pessoa que enterre, me foi uma repetição da voz do Senhor que me diz: “também você vai morrer um dia. Também você. Também todas as pessoas a experimentarão. Prepare-se para a morte! Sabe como: viva enquanto pode”!
c. Aproveite bem a vida. Tem uma roupa especial? Tá guardando para um dia especial? Pois é hoje o seu dia especial. Use esta roupa agora. Vista-se a de traje a rigor e não de “ultraje a rigor”. Tem um vinho caríssimo guardado esperando para alguma ocasião especial? Hoje é o dia especial. Abra a garrafa e festeje a vida numa santa folia. Passeie mais. Não fique dentro de casa. Há inúmeros programas e passeios de graça ou muito baratos bem pertinho de você. Descubra-os e vá! Tire mais fotos. De tudo. De todos. Fotografe lugares, arquitetura, flores, pessoas, crianças, o nascer ou pôr do sol. Fotografe você mesmo. Depois ria muito das fotos e das caretas das pessoas nas fotos. Ria muito daquelas pessoas que encolheram a barriga ou ficaram meio atrás de outras pessoas, ou com as mãos na cintura, para disfarçar gordurinhas. É engraçado, às vezes meio ridículo. Ria deles. Ria de você mesmo! Ande de mãos dadas com sua esposa ou esposos, namorada ou namorado. Beije mais sua esposa (com beijo de língua de 5 segundos) ou namorada (se tem uma) ou esposo ou namorado (se tem um). Beije os filhos. Beije mais. Beije os amigos e amigas. ABRACE com mais calor, mais demorado. Abrace os idosos, eles gostam tanto; lhes restam tão pouco. Mas também à nós resta pouco, portanto abrace mais. Beijo muito minha esposa. Mas quando vou para o escritório, todos os beijos destes 33 anos de casados se me parecem tão poucos. Em poucas horas perco o sabor da boca dela na minha. Preciso voltar logo pra casa e beija-la de novo. Abrace mais seus filhos com abraços de 5 a 10 segundos. E depois faça cócegas neles. Arranhe sua barba no rosto deles (de mansinho). Almoce uma vez por semana com todos eles. Um dia por semana fique na cama até mais tarde e chame os filhos para subirem em sua cama e fiquem lá por alguns minutos conversando. Beije mais e abrace mais.
d. Abandone a depressão e vá viver a vida. Sei que não é assim tão fácil. Conheço casos de depressão por outras causas, ou mesmo “sem causas” aparentes, que a pessoa sofre demais. Creio, porém, que se desejarmos, alcançaremos a graça de seguir vivendo apesar da ausência dolorida da pessoas que se foi. De certa forma, a depressão é um sentimento que nos ensina que somos o “centro do planeta”. Guardadas as compreensões dos diferentes tipos, causas e intensidades de depressão, precisaremos DESEJAR sair de lá e VIVER A VIDA que nos resta, da melhor e mais intensa maneira possível.
e. Olhe as crianças brincando e brinque como elas. Viu como elas ainda são cheias de imaginações? Construa seus castelos e montanhas também.
f. Jamais saia de casa brigado com alguém de sua família. Já pensou se você morre? A última coisa que vão lembrar de você foi você saindo de casa bravo, nervoso, brigando. Não, não, não. Eu só saio de casa depois de um beijão caprichado. Se eu morrer naquele dia, depois de sair de casa, Lucinha vai dizer pra todo mundo: “ele me beijou como se fosse o último beijo da vida dele, ainda sinto o sabor dos lábios dele nos meus…”. Hahahaha. Maravilha.
Conclusão: Posso viver com mais paz e esperança, a cada dia, por saber que o Senhor sempre me VÊ, sempre se APAIXONA e sempre AGE em meu favor. Posso, a cada manhã, me levantar sabendo que Ele não me perde de vista. Ele sempre avalia minhas lutas e dores e sempre se apaixona, a cada dia, por mim. Sentir-me percebido, amado e alvo de milagres, me dá uma grande sensação de pertencimento, proteção, amparo e suprimento. Gosto demais de Jesus!
Depois de tudo isto, se você desejar seguir lendo este texto, gostaria de compartilhar algumas coisas sobre o a viuvez e o luto. Vamos lá?
Primeiro desejo repartir com você um artigo trágico e cômico que li há algum tempo. Não seja muito severo comigo. Lógico que não gosto de certas colocações. Mas, achei melhor deixar na íntegra, pois o artigo me fez pensar naquelas mulheres viúvas, com 50 a 60 anos, cheias de vida e vigor, que tanto poderiam encontrar alguém que vale apena. Se eu fosse ela, iria a uma Igreja encontrar a companhia, ainda que não haja garantias totais de que na Igreja se pode confiar em todo mundo. Porém, me parece um lugar ainda mais confiável do que no clube de solteiros do bairro, ou mesmo na “balada sênior”.
FIQUEI VIÚVA, MAS NÃO MORRI
De Romano Dazzi
O despertador me acordou, assustando-me como sempre. Desde que meu marido me deixou, tenho acordado todos os dias às sete, como quando ele estava comigo. Faço minha ginástica, tomo meu café, leio o jornal, ando regularmente dois quilômetros. Estou forte e saudável. Sinto-me bem. Nestes quatro anos que passei sozinha, tenho tentado manter inalteradas as rotinas que me são familiares, modificando o mínimo possível a minha maneira de viver. Sinto ainda muita falta dele, mas a vida não tem volta; meu desespero transformou-se aos poucos numa dor muda, e depois em uma resignação confortadora. Eu o amava, ele me amava. Vivemos juntos por 30 anos. Felizes? Sim, posso dizer que fomos felizes. Principalmente quando vejo tanta incompreensão, tanto ódio, entre pessoas que decidiram passar juntas o resto da vida e que pouco tempo depois se sentem amarradas, acorrentadas, sufocadas. Nós fomos felizes, sim. Mas o tempo passou. Ele se foi; gostaria de ter ido eu, em lugar dele. Mas é página virada, capítulo encerrado. Preciso levar adiante minha vida. Por sorte, não me falta o indispensável, desde que saiba moderar as despesas. Mas agora, de repente, sinto-me vazia. A solidão voltou, com força total. Então, estou procurando um companheiro, alguém disposto a dividir comigo os seus dias; e resolvi fazer um anúncio no jornal. Nunca imaginei que fosse tão difícil: “Viúva procura companheiro”.
É barato, mas generalista. Imagine quanto bagulho vem nesta onda. Não. Tem que especificar melhor, quem sou eu, e quem eu quero.
Eu: Viúva, de idade média (ops! não, não!!) Viúva de meia idade: (de quanto a quanto vai a meia idade? De 40 a 60? Estou dentro, por um fio) Ou então: Viúva, nem velha, nem jovem, nem alta nem baixa, nem gorda nem magra. Puxa! Assim não disse nada. É pura embromação.
Vou recomeçar: Viúva. Mas porque devo dizer isso? Senhora sozinha (carente, sofrendo de solidão, dependente, pegajosa, solteirona, provavelmente ainda virgem, cheia dos fricotes) Isso pega muito mal. Não, não vai. Senhora agradável. Puxa, parece que estou me oferecendo. Melhor dizer: Senhora de boa aparência, séria, distinta, com um pouco mais de 40 anos, um pouco menos de 60 anos – agora sim, agora vai. Um pouco menos que 80 quilos, um pouco mais que 50 quilos – sim, definitivamente vou indo bem. Um pouco mais alta que 1,60, um pouco mais baixa que 1,80. Com beleza, inteligência e bom senso, entre 5 e 7 (numa escala de 1 a 10). Educada, simpática, de boa conversa. Com boa saúde (a toda a prova). Desligada de atividades sexuais há quatro looongos anos. Gosta de cartas, dominó, xadrez – mas não de damas. Aprecia cinema, teatro e música. Pode viajar; está livre e desimpedida. Sem parentes próximos – nenhum mesmo. Com modesta renda própria. Puxa, espera aí, espera um pouco. Eu sou tudo isso? Eu valho tudo isso? O que estou esperando? Não é qualquer bobo, que vai me pegar! Então vamos ao que quero: Procura (não – melhor dizer “apreciaria encontrar”, ou “está disposta a relacionar-se”. Aceitaria companhia. Não, não vai. “Colocar tudo isso que está ai em cima, a disposição de alguém que não seja um idiota qualquer, um otário, um boçal”? Chega, chega. Está tudo errado. Gostaria de conhecer um senhor, com idade entre 50 e 70 anos. De aparência agradável, saudável, ativo, inteligente (não demais), sem vícios, salvo aqueles aceitos pela sociedade, com boa cultura, alguma disponibilidade financeira, disposto a dar e receber companhia, carinho e sexo no limite do razoável e do possível. Sem excessivo compromisso de parte a parte. Seria exigência demais?
O anúncio saiu mais ou menos como descrito acima, porque na redação final, várias pessoas meteram o bedelho. Chegou um monte de impropérios, elitistas, discriminatórios, contrário à fé, à moral, aos bons costumes. Politicamente e ecologicamente incorreto. E nas minhas necessidades pessoais, quem pensa? Santo Antônio (santo casamenteiro)? Por outro lado, nenhum candidato que prestasse, nenhum que valesse o risco.
Um mês e quatro mil cartas depois, desesperada, pus um outro anuncio, que dizia simplesmente: Viúva procura companheiro – para o que der e vier”.
Agora estou feliz. Encontrei o que queria. Não fiz um exercício da lei da oferta e da procura. Não armei uma barganha de qualidades e defeitos. Apenas um companheiro, um simples ser humano, para aproveitar comigo o pouco que me resta, da aventura de viver.
DICAS SOBRE COMO AJUDAR QUEM VIVE O LUTO
Mas, também gostaria de lhe dar algumas dicas práticas sobre o luto e como ajudar pessoas que passam por luto:
O que é o luto? O luto é uma reação emocional a uma perda significativa. É um processo natural e um modo de recuperação emocional face à perda. Esta reação ocorre em diversos tipos de perdas, incluindo:
• A morte de alguém significativo;
• O fim de um relacionamento significativo;
• Alguém que te é próximo e que está experimentando uma doença crónica ou terminal;
• A perda de fatores importantes na vida, como segurança económica, um emprego ou curso pelo qual você deu “tudo” para fazer;
• A morte de um animal de estimação;
• Uma mudança negativa no que diz respeito à saúde ou funcionamento físico e psíquico.
O que se sente? Quando se está a passando por um luto é normal sentir tais coisas como:
• Como estivesse ficando “louco”;
• Incapaz de se concentrar. Esquecimento;
• Zangado e/ou reativo às coisas;
• Com a percepção de ficar mais sensível aos acontecimentos;
• Alterações de humor;
• Como se estivesse “anestesiado”;
• Ambivalente;
• Incompreendido e frustrado;
• Ansioso, nervoso e com medo;
• Falta de energia;
• Como se quisesse “fugir para bem longe”;
• Culpa e remorso por coisas que não disse ou não fez.
• É Igualmente possível que tenhas algumas “alucinações”. As outras pessoas podem começar a comparar-se com a pessoa que você perdeu, porque deseja muito tê-la presente. Estes sentimentos protegem-te temporariamente da realidade da perda. Servem de “absorventes do choque psicológico”, até que estejas pronto a tolerar o que não quer acreditar.
As diferentes fases de um processo de Luto:
• Negação da perda;
• Choque da perda;
• Tristeza profunda;
• Aceitação da perda.
Estas fases não são experimentadas de igual modo por todas as pessoas. Também variam consoante o tipo de perda. A duração de cada uma delas é variável, no entanto a pessoa pode ficar “presa” a uma delas. Se acha que isto te aconteceu ou está acontecendo, é sempre possível procurar ajuda dos teus amigos, familiares ou de técnicos especializados como os psicólogos e conselheiros treinados.
Como lidar com o Luto?
• Falar com família e amigos;
• Procurar ajuda psicoterapêutica;
• Fazer exercício;
• Participar em grupos de apoio;
• Ler livros sobre o assunto;
• Manter a esperança;
• Participar em atividades sociais;
• Ter uma alimentação cuidadosa;
• Descansar e relaxar;
• Ouvir música.
Nunca esqueça que demora muito tempo para “cicatrizar” a dor, e sem dúvida que haverá uns dias melhores que outros.
Como pode a terapia ajudar? Certamente, há casos em que um psicólogo pode ajudar a compreender melhor o teu luto fornecendo-te a informação e o apoio necessários.
Como você poderia apoiar e ajudar outra pessoa que está em processo de luto?
• Sendo um bom ouvinte;
• Estando presente;
• Perguntando sobre a sua perda;
• Fazendo-lhes telefonemas;
• Deixando-os sentirem-se tristes;
• Não minimizar a sua perda;
• Fazendo perguntas sobre o que estão sentindo;
• Partilhar os teus sentimentos;
• Relembrar a perda;
• Ter consciência e conhecimento da dor;
• Estar disponível sempre que puder;
• Falar das tuas próprias perdas.
Quando se está vivenciando um luto, é natural que as pessoas se sintam frequentemente sozinhas e isoladas, já que pouco depois da perda, as redes e apoios sociais parecem diminuir. Até porque, quando o choque da perda desvanece, há uma tendência para as pessoas se sentirem mais tristes e isolarem-se. Também é natural que alguns amigos bem intencionados possam tentar evitar discutir o assunto, devido ao seu próprio desconforto relativamente ao luto, ou devido a terem medo de fazer com que as pessoas se sintam pior. Podem não saber o que fazer, nem o que dizer. Neste sentido é importante perceber que as pessoas em luto, muitas vezes, flutuam entre querer estar sozinhas e querer a companhia dos outros. Tendo consciência desta ambivalência, você pode tentar sentir se a pessoa quer sentir-te mais “perto” ou mais “distante”. Mas, tente ao menos mostrar que estás disponível para o que precisarem. Mostrar, assim, o teu interesse e a tua sensibilidade, pode ser muito tranquilizante para quem está vivendo um luto. Mesmo que se sintas constrangido e nervoso, por estar com alguém em luto, isso é melhor do que não estar sequer presente. O luto é uma das experiências mais dolorosas e intensas que qualquer ser humano pode vivenciar e testemunhar. No entanto, quanto mais conscientes estivermos da intensidade e individualidade com que cada um vive este processo, mais facilmente o conseguiremos experienciar. Tendo sempre em conta que a dor é inevitável.
Pense em tudo isto.
Deus os abençoe.
Nassiffão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário