quarta-feira, 13 de novembro de 2013

REFLEXÕES DO PASTOR NIVALDO NASSIFF PARTE 1


EU CRIEI UMA FANTASIA DE MIM MESMO, E AGORA?
Uma fantasia criada por mim mesmo, de mim mesmo. Isto mesmo. Tenho que confessar que a pessoa que você conhece é uma fantasia. Em público sempre sou uma invenção que busca convencer as pessoas à minha volta que sou alguém quase perfeito. Mas é mentira. Pura mentira.
VOCÊ SABE POR QUE ME COMPORTO DO JEITO QUE ME COMPORTO?
Pois hoje vou fazer uma análise corajosa das motivações comportamentais.

Li uma vez que Pascal teria pronunciado as seguintes palavras: “Deus fez o homem à sua imagem e semelhança e o homem retribuiu a gentileza”. Eu acredito que isto é a mais pura verdade. Deus nos criou à Sua imagem e nós criamos um “Deus” à nossa imagem e semelhança (caída, falha, medrosa, confusa, incerta, incoerente, injusto e atrapalhado). Portanto, se alguém se detesta presume que Deus sinta a mesma coisa a respeito dele. Por acharmos que Deus tenha os mesmos sentimentos que nutrimos a nosso respeito, acabamos por construir um deus à nossa imagem e semelhança. 
E quando começamos a construir o nosso deus “particular”? Em algum momento de nossas vidas, quando começamos a nos ver em nossos primeiros espelhos construtores de nossa auto imagem. Nossos primeiros espelhos foram nossos pais e irmãos. Em seguida nossos primeiros amigos e professores. Começamos a crer assim porque nos vimos refletidos nestas pessoas através das informações, ações e reações ao nosso comportamento, ou diante das crises por eles vivenciadas que nos afetaram, influenciaram e contagiaram nossa mente, formando nossa auto imagem e nossa autoestima.
Em algum momento de nossa existência algo errado aconteceu conosco, pois passamos a acreditar que para recebermos amor, aceitação e até atenção, deveríamos nos comportar do jeito que as outras pessoas, importantes para nós (pais, irmãos, amigos, autoridades), desejavam que nos comportássemos.
Se você deseja entender melhor sobre isso, sugiro a leitura do livro do Dr. Harris, e lá você encontrará uma boa análise e interpretação das decisões e definições de quem somos. Em seu Livro: Eu Ok, Você Ok, o autor afirma que diante do primeiros acontecimentos de nossas vidas (de zero a 2 ou 3 anos de idade), tomamos uma das quatro decisões: Eu OK e você não OK; eu não OK e você OK; eu não Ok e você não OK também; eu Ok e você OK também. Tais decisões foram, na verdade, nossas reações ao tratamento que recebemos de nossos pais, irmãos e pessoas que viveram ao nosso redor nos primeiros anos de nossas vidas. Eles eram como espelhos onde podíamos nos ver refletidos. Assim, fomos formando a imagem que temos de nós mesmos. Espelhos distorcidos causaram a nossa auto imagem e autoestima distorcida. Então, como uma tragédia existencial, transferimos esta mesma ideia para a nossa concepção que fazemos a respeito de Deus. Passamos a criar uma imagem de Deus a partir da imagem que tínhamos de nosso pai ou pais, aqui em nossa existência terrena ordinária. Em vez de definirmos o pai terreno, a partir do pai divino, fizemos ao contrário e acabamos por construir uma "imagem" de Deus toda nossa. Portanto, construímos uma caricatura de Deus. Construímos uma imagem, e passamos a adorar, servir (por culpa e medo, em vez de amor e gratidão) um "outro" deus. Um falso deus, inventado por nós. Por causa desta invenção particular que fizemos de Deus, terminamos, então, tornando-nos idólatras. Somos crentes idólatras, pois pensamos que adoramos o Deus da Bíblia, mas na prática, adoramos, servimos e somos escravos de um deus falso, fruto de nossa criação. Desta maneira julgamos Deus a partir de nossa visão de quem foi nosso pai, ou de quem foram nossos pais aqui na Terra. De maneira mais profunda ainda, interpretamos e julgamos a Deus a partir de nossos sentimentos. O que sentimos por nós mesmos acreditamos que também Deus sente o mesmo por nós. Se estamos tristes deve ser porque Deus está triste conosco. Se estamos doentes, deve ser alguma punição por este falso deus impetrada em nós. Se despertamos alegres deve ser porque Ele está feliz conosco nesta manhã (o que será que fizemos de certo desta vez? Nem sabemos ao certo, mas deve ter sido algo muito bom). Se ganhamos algo que tanto desejamos é porque Ele nos ouviu e se agradou de nós. Se no momento seguinte perdemos é porque Ele já está enojado e bravo conosco; portanto tomou nosso doce de nossas mãos. Então concluímos que Deus (Ele mesmo? Ou nós mesmos?) coloca-nos de CASTIGO.
Pois o “deus” que inventamos nos manda para um canto, para ficarmos lá de castigo. Geralmente este “canto” é o lugar de nossas DEPRESSÕES SECRETAS. É o lugar de nossas desorientações e confusões de rumos. Tudo escondido, disfarçado, maquiado por uma capa de solicitude piedosa. Assim, passamos a vida interpretando as alegrias e tristezas, prazeres e dores da vida, na base de um Deus instável, irritadiço, incoerente, vingativo, genioso, imprevisível, não confiável, abrupto e faminto por vingança. Acreditamos num Deus que aprecia nos castigar machucando nossos filhos e netos, fazendo-os nascer com retardo, enfermos, serem falidos nos negócios, infelizes no casamento. Lógico: tudo culpa nossa, pois nosso “deus pessoal” esta irado. Somos os artesãos construtores deste "deus" que é um deus absolutamente lapidado nas bases de nossa imagem e semelhança ou, no mínimo, à minha imagem e semelhança herdada de nossos pais, amigos, professores e outras pessoas importantes de nossa existência, enquanto dávamos nossos primeiros passos nas calçadas de viver diário. Assim sendo, fomos construindo um EU igualmente falso, mentiroso, impostor, que se apresentava em público, esforçando-se para ser socialmente, politicamente e religiosamente correto. Percebemos (acreditamos) que nossas motivações secretas, desse comportamento, não poderiam ser reveladas. 

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