Deixando tudo para trás
Deixando tudo para trás
Há um versículo na Biblia onde lemos isto: "Esquecendo-me das coisas que ficam para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo" (Filipenses 3:13,14). Já parou pra pensar no significado destas palavras? O que será que o Apostolo Paulo deixou para trás?que "coisas" seriam aquelas? O que não vale apena manter conosco, na tentativa de seguirmos para o alvo? Que alvo é este, que nos faz dar uma valor insiguinificantes às coisas aue tanto amávamos e valorizávamos até agora a pouco? Vivemos num mundo religioso assustador nestes dias. Encontrei num artigo de Paulo Massolar as seguintes observaçoes sobre os dias religiossos no qual vivemos:
"É proibido sofrer!" Esta é a mensagem que vemos sendo anunciada em quase todos os lugares. Talvez nem sempre dita assim tão explícita, mas percebemos suas variações quando também se diz: "pare de sofrer!", "tenha uma vida vitoriosa!", "Você nasceu para ser cabeça e não cauda!", "decrete e profetize sua vitória!", "tome posse pela fé!" e tantas outras ordens e palavras que, na cabeça de muita gente, vira uma espécie de anestésico contra as dores que os problemas da vida provocam na gente".
Me parece que as pessoas religiosas de hoje, estão buscando a religião, como forma de conseguirem manter todas as suas coisas, todas as suas conquistas. Me parece que a religião destes dias ensina mais, como alcancar seus próprios objetivos, em como conquistar e manter mais posses, pois a teologia nada bíblica (em termos de texto e contexto, pelo menos) tem se transformado na fonte de conslusōes igualmente distorcidas. Há hoje um exército de chamados evangélicos que entendem que o Senhor Jesus veio ao mundo para ratificar a mensagem da prosperidade apregoada em muitos púlpitos dos nossos dias.
Ouço e presencio uma avalanche de mensagens que se esforçam em ensinar aos pobres, à classe média emergente e, à classe média afundada em dívidas impagáveis, que se eles crerem em Jesus (e darem ofertas generosas, para o que basta usar o cheque especial, pois se você se individou tanto para obter seus bens e coisas, por que não se individar mais um pouco para uma oferta generosa, que lhe "garantirá" o retorno de todos os bens hipotecados?), serão salvos da condição miserável ou terem suas dívidas pagas por um anjo. Tais púlpitos andam ensinando que Jesus veio ao mundo para garantir sua permanência numa classe média alta e, mais ainda, lhe mostrará sua glória, elevando-o à classe absolutamente rica! Para mim, a chamada "teologia da prosperidade" não passa de "teologia da libertação".
(Teologia da Libertação é um movimento cristão de teologia política, que engloba várias correntes de pensamento, que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustas em condições econômicas, políticas ou sociais. Ela foi descrita, pelos seus proponentes como "uma interpretação da fé cristã através do sofrimento dos pobres, sua luta e esperança, e uma crítica da sociedade e da fé católica e do cristianismo através dos olhos dos pobres", mas outros a descrevem como marxismo cristianizado. Embora a teologia da libertação tenha se tornado um movimento internacional e inter-denominacional, ela começou como um movimento dentro da Igreja Católica na América Latina nos anos 1950-1960. A Teologia da libertação surgiu principalmente como uma reação moral à pobreza causada pela injustiça social naquela região. O termo foi cunhado em 1971 pelo peruano padre Gustavo Gutiérrez, que escreveu um dos livros mais famosos do movimento, A Teologia da Libertação. Outros expoentes são Leonardo Boff do Brasil, Jon Sobrino de El Salvador, e Juan Luis Segundo do Uruguai.).
Para a teologia da libertação, o pobres por serem pobres tem o reino dos céus garantido. O paradoxo é que a "teologia da libertação" ao mesmo tempo que garante o céu ao pobre, por ser pobre, luta contra as classes superiores, clamando por uma melhor divisao da renda, o que fatalmente arrancará o céu dos pobres e os pobres do céu, dantes garantido por sua condição de pobreza. No momento em que forem nivelados aos padrões sociais que os expurgarão da pobreza, perderão a salvação.
Já a "teologia da prosperidade" encontra no crescimento financeiro e no acúmulo de bens o sinal mais importante de que a salvação chegou na vida dos indivíduos que estão "se convertendo". O mais malígno desta teologia é que isenta o rico de dividir com o pobre. Pois Deus deseja que todos sejam ricos e parem de sofrer. Se você é pobre e sofredor, então ou você nao é crente, ou esta em pecado. Portanto, resolva tua vida espiritual que Deus lhe dará dinheiro e dádivas. Esta teologia é uma mistura de "capetalismo - capitalismo endemonhiado - com as castas da religião indiana, onde não se pode ajudar o pobre, pois estaríamos interrompendo os processos purificadores na vida daquele desgraçado. Logo ele reencarnará numa condição melhor. Para os evangélicos da teologia da prosperidade, como não há a possibilidade da reencarnação, então o desgraçado que se apresse em se converter, para que as moedas de ouro logo comecem a despencar dos céus sobre suas cabeças....
O que isto produz? Produz uma religião de aparências. Gente cheia de dor e sofrimentos, dívidas impagáveis e desespero, que fatalmente desembocará numa descrença generalizada em Deus e na Biblia sagrada. Note, outra vez as palavras do Massolar:
"A sociedade atual se esconde do sofrimento e o nega porque ele desmascara nossas fragilidades. A questão é que a ferida continua aberta, a infecção vai se alastrando cada vez mais, a doença emocional vai se enraizando, vai matando lentamente, mas seus efeitos são maquiados pela não sensação de dor. Se esquecem que o próprio sofrimento pode ser uma bênção, pois ele nos avisa sobre a necessidade de que algo deve ser feito." (Paulo Massolar)
Francamente, não posso entender, ouvindo a grande quantidade de pregadores da prosperidade, as palavras ditas acima pelo Apóstolo Paulo.
Queria então, pensar em primeiro lugar sobre o "ALVO" que tanto o Apóstolo anseia alcançar.
ALVO: nos versiculos de Filipenses 3, podemos deliniar o alvo de Paulo. Era composto de três partes: 1. Conhcer e prosseguir conhecendo a Jesus. Acredito que isto significa, manter uma comunhão, pela Palavra e pela oração. 2. Experimentar as virtudes da ressurreição. Viver uma vida aqui neste mundo com as marcas e sinais de um ressurreto. Uma vida modificada, saneada, em processo constante de puriticaçáo e que não depende mais de seus méritos acadêmicos ou relgiosos para ser salvo, senão somente a dependência da graça. 3. Compartilhar dos sofrimentos de Jesus. Viver neste mundo pre-disposto (tudo à minha volta tem valor de esterco) a sofrer como Cristo sofreu e por quem Cristo sofreu, ou seja, uma disposição de perder tudo para que a proclamação salvação não encontre impedimento algum em avancar e alcancar todos os povos da Terra. Me parece que o alvo de Paulo, é muito diferente dos alvos dos pregadores, pastores e líderes modernos, que estão construindo seu impérios e reinos absolutamente pessoais e ainda tem a coragem de chamar o seu patrimônio de "reino de Deus". Acho que estes camaradas deveriam tomar cuidado, pois se estão falando que é de Deus, uma horinha destas o Senhor resolve ou tomar posse ou considerar tudo como esterco e queimá-lo para parar de feder.
Agora, gostaria de pensar no que seria as "COISAS DEIXADAS PARA TRÁS" Alguns exemplos no AT:
Noé:
Foram convencidos pelo Senhor Deus, Noé, seus filhos e respectivas esposas, a deixarem tudo para trás, tudo que possuiam: Casas, gado, bens, parentes, amigos, cidade, cultura, tudo. Não me parece que foi fácil. Acredito que durante a construção da arca, Noé recebeu muitos estímulos para desistir da loucura. Todavia, chegou o momento de fechar as portas para seus passados. A porta da arca foi fechada para aquela família, no momento em começaram a construir a arca. Então, veio o Senhor e trancou. Deus fechara a porta para o passado deles e os começou a levar a uma nova aventura, um recomeço. Eles se tornaram no "embrião" da re-criação. Nem sempre o Senhor nos pedirá para abandonar tudo. Às vezes, Ele nos deixa encher um caminhão de mudanças. Outras vezes, só uma mala de roupas, fé e esperança nEle. Outro dia estava a pensar sobre algo que ouvi: Uma pessoa moradora de uma favela disse a um jornalista: "agente não tem nada". Dias depois houve um incêndio na mesma favela. Aquela mesma pessoa disse a outro jornalista: "perdemos tudo". O que aprendemos disto? Não importa o quanto nem o que temos, sempre acharemos pouco e quase nunca gostamos de perder. O Senhor Jesus disse que quem deixar família e bens por amor a Ele (e Sua vontade), receberá ainda neste mundo, com tribulações, 100 vezes mais e no porvir a vida eterna" (Mateus 19:29). Mesmo assim, no fundo do coração, não conseguimos acreditar que o Senhor está mesmo falando a verdade. Quando saimos, a quase 11 anos do Brasil, o fizemos com uma mala de roupas. Agora que vamos mudar, ainda sentimos um medão secreto lá no fundo do coração, que disfarçamos com a frase de efeito: "Ele está no controle"! Ele está mesmo. Mas é que no fundo, no fundo, desejamos (NÓS) estarmos no controle, não Ele...
Abraão: Deus pediu a ele para sair de sua terra, de sua cultura, de sua zona de conforto, do lar seguro culturalmente falando e avançar para um lugar que o Senhor indicaria somente depois, em meio a jornada. Abraão saiu, aparentemente, para lugar nenhum. Simplesmente saiu e foi na direção do nariz. O nariz de Abraão foi apelidado por um adolescente daquela época, por "GPS". Deus somente mencionara a Abraão a possibilidade de que algumas pessoas poderiam ir contra ele, na tentativa de amaldiçoa-lo. Haveria encrenca no caminho. Mas, também o Senhor dera uma palavra de que, Ele mesmo daria conta do amaldiçoadores. E você pensa que Abraão creu o tempo todo? Não. Por duas vezes, pelo menos tentou controlar as situações e livrar o pescoço de qualquer forma, mesmo colocando sua esposa em risco. E uma vez, tentou ajudar o Senhor a cumprir com a promessa feita, de que teria um filho. Deu no que deu. Mas, de qualquer maneira, o cara DEIXOU para trás e se tornou o pai da fé. Foi justificado pela fé.
Moisés: Este era o cara mais rico do mundo! Era o cara mais inteligente do mundo. Era o cara mais TUDO do mundo à sua época. Mas, quando ele teve a visão da Cidade Celestial, entendeu que TUDO que tinha, TUDO que era, poderia ser DEIXADO para trás e avançar para a Cidade Celestial.
Alguns exemplos do NT:
Os discipulos de Jesus: Os caras abandonaram seus postos de trabalho, seus instrumentos de ganhar o pão de cada dia e se "aventuraram" a seguir o Messias. E, depois da ressurreição, apresentaram suas vidas a servir a este Messias e manterem-se na mesma direção de seu Mestre: Alcançar o mundo para Cristo. Esta era a vitória deles. Esta era "prosperidade" deles. Alcançar almas era o critério pelo qual a sabedoria e a riqueza deles era julgada pelo Senhor, não pelo homens ímpios ou carnais de seu tempo.
Paulo o Apóstolo: No texto de Filipenses ele relembra quem era para a sociedade de seu tempo. Um homem respeitado, intelectual, poliglota, exemplo de religiosidade e, bem provavelmente, um homem de família muito rica e influente. Mas ele diz: "Tudo isto considerei esterco, para alcançar a salvação e esforçar-me para anunciar o evangelho para todas as nações da Terra". Agora o viver era para servir a Cristo tentando ser parecido com Ele diante dos povos ao seu redor. . .
Diante disto tudo, acredito que deveríamos repensar a nossa relação com Jesus. Ele veio para nos salvar de que? Ele deseja que vivamos com qual propósito nesta vida? Quais deveriam ser os critérios de sucesso e prosperidade na vida de alguém que acredita mesmo na vida eterna e deseja que todos alcancem a salvação? Ou será que somos como os antigos faraós, que enterram com eles suas riquezas afim de ter como ir pagando os pedágios na viagem à eternidade? Tenho uma notícia pra você: Quando você morrer, antes mesmo de você esfriar, quem ficou já dividiu (ou brigaram) tudo que você tinha. Menos o seu cachorro, lógico. Porque ninguém quer cachorro de defunto. É inteligente (não precisa nem ser muito consagrado pra entender isso) abrir mão do que não se pode reter, para alcançar o que não se pode perder!
Acredito na luta pela melhoria das condições sociais dos seres-humanos. Acredito que não há necessidade de termos pessoas famintas, sem roupa, sem teto e sem saúde, em lugar nenhum do mundo. Há tanta riqueza acumulada só nas mãos dos evangélicos, suficiente para eliminar a fome no planeta! Não precisamos mencionar os ímpios. Eles tem padrões de avaliação diferentes e a base de todo seu raciocínio é o egoísmo. Dou um exemplo: Tem rede de televisão que dá dois milhões de Reais para uma pessoa ficar presa numa casa, falando e fazendo bobagens, mas pede dinheiro ao povo para o "Criança Esperança". Vê como funcionam os critérios de valor dos ímpios? "Pobres sempre os teremos no meio de nós" (palavras de Jesus). Contudo, creio que podemos coexistir com pobres com um mínimo de dignidade humana: moradia, vestuário, alimentação, saúde, educação e segurança! É possível!!! Aprendermos em quem votar, já seria um bom começo na caminhada destas conquistas.
Mas, e por causa disto tudo, eu também não posso mais sonhar e nem desejar evoluir economicamente? Ter uma vida melhor? Lógico que sim. Trabalhe, aprimore-se, estude, atualize-se. Vá em frente! Só não permita ser escravizado por coisas. Você tem coisas ou coisas tem você. Como você reage quando alguém deixa cair refrigerante no banco do seu carro? Viu? Já sabe quem possui quem? Mas, será que ficar mais rico, pode me transformar numa má pessoa? Não!!! Quem é boa pessoa, com mais recursos poderá fazer mais ações boas ainda ao mundo e dedicar mais dinheiro ainda à obra missionária. Quem é má pessoa, com mais recursos vai fazer muito mais coisas ruins. O dinheiro só tem o poder de expor quem você realmente é. Acredito que o critério de avaliação de "somos mais do que vencedores, por meio de Cristo", deve reconhecer o contexto onde este versículo esta inserido, que nos ensina sobre os sofrimentos (de todos os tipos) e das privações (de todos os tipos) a que seremos sujeitos. E ainda que somos considerados como ovelhas para o matadouro todos os dias. Somos mais do que vencedores, porque a despeito de tudo isto, permaneceremos ligados em e no amor de Jesus e Ele conhecido em todas as Nações da Terra. Pense nisto. Deus os abençoe. Nassiffão.
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